Gestão eficiente
Raquel defende gestão com eficiência para melhorar a educação no país
A deputada Professora Raquel Teixeira (GO) lamentou nesta segunda-feira (8) a má gestão dos recursos públicos investidos na educação no Brasil. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), essa má gestão provoca danos significativos para o país, ocasionando a perda anual de R$ 56 bilhões. Reportagem do “Estado de São Paulo” mostra que se o país investisse na área com a mesma eficiência de outros sete países da América Latina, a média de escolaridade nacional subiria 2,4 anos e o PIB per capita aumentaria 10,5% em dez anos.
Para mudar esse quadro, a parlamentar defendeu que haja uma gestão mais eficiente e eficaz com avaliação e cobrança de resultados. “É necessário um planejamento estratégico. Isso depende de uma política pública voltada para a área e de um estímulo que venha de cima para mudar a forma de lhe dar com os recursos da educação”, ressaltou.
Ainda segundo a reportagem, entre 1999 e 2008, o poder público do Brasil gastou US$ 978 anuais por estudante, resultando em uma média de 6,1 anos de estudo da população. Sete nações latino-americanas (Uruguai, Bolívia, El Salvador, Peru, Paraguai, Nicarágua e Equador ) gastaram em média 7,4% a mais que o país (US$ 1.050 por estudante) e a escolaridade da população ficou 35,2% superior à brasileira. Isso mostra que o Brasil investe mais que os outros países da América Latina, mas tem resultado menos efetivo na aprendizagem, taxa de aprovação e desempenho. Para a deputada, isso ocorre devido a falta de políticas adequadas para o setor.
Segundo Raquel, a educação no Brasil é uma área muito carente de gestão. De acordo com ela, por mais esforço que os gestores façam, eles não são qualificados para isso. “A dificuldade das nossas escolas em ter autonomia engessa as ações dos diretores. O Brasil precisa pensar urgentemente numa gestão mais flexível”, cobrou.
A deputada disse que mesmo jogando hoje um avião cheio de dinheiro numa escola, não necessariamente ela mudaria a qualidade de ensino. “Não adianta só jogar o dinheiro. É preciso formar os gestores e ter bons sistemas de avaliação sem problemas de operação como existe hoje”, ressaltou, referindo-se ao Enem que, segundo lembrou, todo ano está ocorrendo problemas e escândalos com o exame devido à má administração.
→ A taxa média de analfabetismo nacional foi de 11,3%, e a desses países da América Latina, de 8%. A repetência dos alunos do primário, no Brasil, atingiu 21,4% dos alunos – índice também muito superior a dos outros países latino-americanos, que tiveram 5,8% de repetência.
→ Na comparação com outros países, o Brasil perde ainda mais. A China gasta o correspondente a 48,5% do gasto do Brasil, mas tem anos de escolaridade 19% superior, além de uma menor taxa de analfabetismo. “Defendo que se gaste mais em educação, mas não se trata só de valores, precisamos de mais eficiência. Há países com gastos menores e resultados melhores”, afirmou Renato Corona, gerente do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, responsável pela pesquisa.
→ Além da média dos anos de escolaridade, o país fica atrás na qualidade do ensino oferecido. Das 57 nações que participam do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) – exame que mede habilidades de jovens de 15 anos em leitura, ciências e matemática -, o Brasil ficou com a 52ª posição, perto de países do Oriente Médio e África. (Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda)
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