Impunidade, não!
Otavio Leite critica manobras para atrasar processo do mensalão no STF
Para Ministério Público, organização criminosa atuou no esquema que entrou para a história como o maior escândalo do governo petista
O maior escândalo do governo Lula veio à tona em junho de 2005, quando o país tomou conhecimento da existência de um suposto sistema de compra de parlamentares para votar a favor do governo. O caso motivou a abertura da CPI dos Correios, que após nove meses de investigação conseguiu detalhar os mecanismos do processo. De acordo com as investigações, o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, estaria à frente do esquema, supostamente operado pelo publicitário Marcos Valério.
As empresas do publicitário teriam funcionado como fonte principal do que foi apelidado de “valerioduto”. As agências dele arrecadariam milhões de reais em contratos suspeitos com empresas privadas e estatais do porte dos Correios e do Banco do Brasil e repassariam os recursos para os parlamentares conhecidos como “mensaleiros”, seja por meio de saque na boca do caixa ou por intermédio de assessores ou de parentes.
Além disso, Valério e dirigentes petistas teriam assinado empréstimos bancários de fachada nos bancos BMG e Rural para justificar os repasses ao partido do governo Lula. Só nessas operações forjadas teriam sido movimentados R$ 55 milhões. Encurralado, o PT e o presidente Lula tentaram vender a imagem de que se tratava de crime de caixa dois eleitoral, “cometido por todos os partidos”. Por isso, a prática seria “aceitável”. Mas o embuste não colou: o PT saiu da CPI dos Correios com o carimbo do mensalão.
As conseqüências não tardaram a vir para os envolvidos no caso. Em 14 de abril de 2006, menos de uma semana após o fim da CPI dos Correios, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, denunciou ao STF 40 pessoas supostamente envolvidas no mensalão, classificando o grupo de “organização criminosa”. Entre os denunciados estão José Dirceu e ex-dirigentes do PT, como José Genoíno, então presidente da legenda.
Os réus são acusados de crimes como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão ilegal de divisas, corrupção ativa e passiva e peculato. Se forem condenados, podem pegar entre 10 e 45 anos de cadeia, além de terem de pagar multa.
(Reportagem: Letícia Bogéa e Marcos Côrtes/ Foto: Ag. Câmara)
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