A serviço do crime
Rede de corrupção foi instalada ao lado do gabinete presidencial, diz deputado
O deputado Wandenkolk Gonçalves (PA) afirmou nesta quarta-feira (20) que o esquema de corrupção conduzido pelo grupo ligado à ex-ministra Erenice Guerra não se restrige à Casa Civil. Para o tucano, a descoberta de que funcionários agiram em outros órgãos subordinados à Presidência da República comprova a tomada do Estado pela “companheirada” para ações criminosas.
Segundo sindicância aberta pelo próprio Palácio do Planalto, computadores e funcionários da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foram utilizados por amigos de Israel Guerra, o filho de Erenice que fazia “consultoria” a empresários interessados em fechar negócios com o governo e cobrava uma “taxa de sucesso” pelo tráfico de influência.
“O Estado está aparelhado pela companheirada. Foi instalada uma rede de corrupção ao lado do gabinete do presidente. Isso veio com o José Dirceu, passou para Dilma Rousseff, depois para a Erenice e assim vai”, apontou o deputado, ao citar todos os comandantes da Casa Civil desde o início do governo Lula.
Apesar das informações obtidas nos computadores da SAE e do GSI, a comissão interna do Planalto pediu mais 30 dias para concluir a investigação, que deveria ter sido encerrada no domingo. Com isso, o resultado só será divulgado após o 2º turno da eleição.
Para Wandenkolk, o adiamento é proposital, já que os fatos podem atingir a candidata do PT à Presidência. O tucano destacou a proximidade de Dilma Rousseff com os envolvidos no escândalo. Foi ela, por exemplo, que assinou a contratação de Gabriel Laender na SAE. Por várias vezes, o computador dele foi acessado com a senha de Vinícius Castro, ex-assessor da Casa Civil e sócio de um filho de Erenice na Capital, empresa da família Guerra que intermediava negócios com o governo.
Laender foi advogado da empresa de telefonia Unicel, na qual o marido de Erenice é consultor. A “Folha de S. Paulo” revelou que essa empresa foi beneficiada pela Presidência em 2007, com Dilma e Erenice na Casa Civil. Uma das hipóteses levantadas é que Laender tenha ajudado a redigir os contratos da empresa de Israel Guerra e Vinícius Castro, que incluía a tal “taxa de sucesso”.
“Ainda não vi nenhuma dessas sindicâncias serem concluídas. Isso é puro faz de conta para tentar enganar a sociedade. Se ela [Erenice] saiu do cargo é porque é culpada”, criticou Wandenkolk. Para o tucano, o governo não tem intenção real de apurar os fatos ou punir os culpados.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Eduardo Lacerda)
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