Brasil em chamas


Governo foi alertado e não tomou providências para combater as queimadas no país, avisa Tripoli
O deputado Ricardo Tripoli (SP) cobrou do governo federal nesta quinta-feira (2) medidas urgentes de prevenção e fiscalização para evitar a extinção do Cerrado no Brasil. Segundo lembrou o tucano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) já havia alertado que haveria as queimadas no país. Mas mesmo assim, o governo ignorou a questão e não tomou nenhuma medida para fazer com que as queimadas chegassem ao fim.

Segundo o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, o Cerrado perdeu metade da vegetação. Estudo do IBGE com dados até 2008 mostra que 48% de sua área total foi desmatada. A cobertura original do bioma reduziu de 2.038.953 km² para 1.052.708 km². Para pesquisadora da UnB, índice já estaria em 60%. Taxas de devastação superam as da Amazônia e pelo menos 131 espécies de plantas e 99 de animais estão ameaçadas. O IBGE alertou para o risco de extinção do Cerrado “em pouco tempo” nos Estados onde o ritmo de desmatamento é mais acelerado, como Maranhão, Bahia e Mato Grosso, caso não sejam tomadas “medidas de proteção”.

Segundo informou Tripoli, existem dois tipos de queimadas: uma ocasionada pela natureza e a outra são as criminosas onde as pessoas colocam fogo para ampliar a área de agricultura. O tucano disse que as duas são prejudiciais e lamentou o fato de até agora o governo não ter feito nada para pelo menos amenizar o problema.

“O nosso Cerrado tem sido extremamente prejudicado. Não só a vegetação, mas os animais silvestres que habitam nessa florestas também estão sendo destruídos por uma violenta queimada que ocorre hoje no país. E, não tendo uma política específica de controle e fiscalização, fica difícil acabar com esse fogo que consome essas florestas”, ressaltou.

Para o deputado, é preciso que recursos sejam destinados aos órgãos competentes. “Os recursos devem ser para programas que impeçam que o fogo se alastre. Os órgãos não tem recursos suficientes para atender essa demanda. Espero que o novo governo trabalhe com seriedade com a questão ambiental”, disse. “Enquanto não houver preocupação governamental e o governo não tomar uma atitude séria de combate ao fogo, sempre haverá mais áreas desmatadas”, completou, ao lembrar que esse é um patrimônio que pertence a todos os brasileiros e não só os que moram nessas regiões.

Poucas áreas federais são protegidas

A publicação mostra que apenas 3,2% da área total do Cerrado é protegida por unidades federais de conservação, sendo 2,2% de proteção integral. Na Amazônia, a área protegida é bem maior: 16,8% e 7,9%, respectivamente.

→ As taxas de desmatamento são mais altas que as da Amazônia, onde houve redução do ritmo de destruição nos últimos cinco anos – lá, a área total derrubada representa 15% da floresta original. No Cerrado, entre 2002 e 2008 foram desmatados 85.074 km², o que representa 4,18% da cobertura original.

→ Os Estados que tiveram maior área desflorestada nesse período, em termos absolutos, foram Mato Grosso (17.598 km²), Maranhão (14.825 km²) e Tocantins (12.198 km²). Em termos relativos, Maranhão (7%), Bahia (6,12%) e Mato Grosso (4,9%). O IBGE mostra que até 2002 houve tendência de aumento de áreas desmatadas no Sul e Sudeste. Entre 2002 e 2008, isso ocorreu mais no Norte e Nordeste. (Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda)

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15 setembro, 2010 Sem categoria Sem commentários »

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