Cinismo, mentiras e videoteipe
Alvaro Dias (*)
Faz parte do figurino dos programas eleitorais na TV um partido divulgar seus feitos e proclamar as realizações governamentais. O Partido dos Trabalhadores usou recentemente a maior parte do seu tempo no horário partidário para atacar governos anteriores.
A partir de agressões estapafúrdias e mentirosas, os marqueteiros do PT colocaram no ar uma série de mentiras e meias verdades com o objetivo de disseminar a dúvida e desacreditar seus opositores.
A técnica não é nova e se tornou recorrente ao longo da gestão do presidente Lula. Sem qualquer sutileza, o programa do PT na televisão descambou do triunfalismo exacerbado para a mentira deslavada, resvalando pelo cinismo.
O esforço vil para semear a discórdia entre brasileiros e impingir ao governo passado sentimento de desapreço aos nordestinos foi algo inusitado em matéria de veiculação pela mídia eletrônica. Em nenhuma ação do Governo que antecedeu Lula, pode-se perceber menosprezo à região, muito menos aos seus moradores. O separatismo artificial não resiste ao mais superficial teste de veracidade. Nem mesmo a ambição desmedida por uma vitória eleitoral pode justificar esse tipo de comportamento.
Em que pesem minhas considerações sobre o desvirtuamento do programa partidário (legalmente destinado ao proselitismo programático), a utilização eleitoreira não seria algo inédito. Essa, portanto, não é a questão. O essencial é a utilização da mentira como arma.
“O Governo passado foi servil aos estrangeiros”. Mas que servidão é essa propagada pelo PT na condução da política externa do Governo Fernando Henrique Cardoso? Na verdade, submissão está patente agora, por exemplo, em relação à Bolívia, quando um patrimônio extraordinário do Brasil foi entregue àquele país, e nas relações com a Venezuela. Nesse relacionamento diplomático com aprendizes de ditadores na América Latina há, sim, um viés de servidão inegável.
A chamada televisiva sobre o comando do PAC – “14 mil obras em execução”, foi mais uma inverdade transmitida em horário nobre. O revolucionário “programa administrativo” do Governo Lula é o campeão dos superfaturamentos de obras, conforme aponta o Tribunal de Contas da União.
O PT também anunciou no programa de TV a construção de um milhão de casas. Esqueceu que o próprio Presidente já havia declarado que não teria condições de entregá-las durante o seu mandato. Mais uma vez, ele fez cortesia com o chapéu alheio: anunciou um programa que não executará, delegando a outros a responsabilidade de cumprir as suas promessas.
Outra tergiversação do Partido dos Trabalhadores na TV foi lançar mão do pré-sal como se fosse uma conquista do atual Governo. Mas há trinta anos, a Petrobras investe nas pesquisas em águas profundas. O Presidente Itamar Franco, por cautela, preferiu não divulgá-las, como o Governo que o sucedeu. Ao contrário, o Presidente Lula, de forma espetaculosa, anunciou o pré-sal como uma conquista capaz de resolver todos os problemas do País.
Faço apenas referências pontuais sobre essas questões, enfatizando a tentativa medíocre e oportunista do PT de apagar da memória coletiva da Nação feitos de outros governos.
A despeito de ter se posicionado contra o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal, o presidente Lula se apropriou indevidamente do mérito da conquista da estabilização da economia, ignorando que o seu governo colhe os frutos da ação competente que se desenvolveu àquela época, até mesmo no campo das políticas sociais.
O Plano Real foi o maior feito da administração pública contemporânea do Brasil. Representou a reabilitação da capacidade de planejar do País, do povo e dos governos.
O programa do PT usou a mentira como arma ferina para agredir os adversários, deixando de prestar contas à população dos quase sete anos de gestão.
(*) Alvaro Dias é o 1º vice-líder do PSDB no Senado.
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