Desintegração

É um erro permitir a entrada da Venezuela no Mercosul, alertam tucanos

Senadores do PSDB classificaram nesta quinta-feira de um “erro” a aprovação, pela Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE), do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul. “Espero que eu esteja enganado, mas esta aprovação desintegrará o bloco econômico. Estamos aqui antecipando a Missa de 7º Dia do Mercosul”, alertou o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Problema iminente – Com 11 votos contrários, cinco favoráveis e uma abstenção, a comissão rejeitou o parecer do relator da matéria, Tasso Jereissati (CE), contrário ao ingresso do país vizinho no bloco. O colegiado acolheu voto em separado, favorável à entrada, apresentado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e apoiado por outros nove parlamentares.

A decisão final cabe ao plenário do Senado, que deve votar o protocolo na próxima semana, quando os tucanos marcarão novamente posição contrária à adesão. Para o líder, sob a presidência de Hugo Chávez a Venezuela deverá se transformar em um problema para o bloco e para o Brasil.

“Vamos ver como será a reação internacional em fóruns como o de Doha quando sentarmos para discutir com Chávez ao nosso lado”, lamentou o senador, para quem os parceiros comerciais do país vizinho em nada podem oferecer ao Brasil, a não ser problemas por conta do comportamento do seu presidente.

De acordo com o presidente da CRE, Eduardo Azeredo (MG), os votos da oposição foram contra o presidente venezuelano. Ele observou que muitos dos senadores da base que apoiaram o ingresso fizeram ressalvas ao dirigente da Venezuela e que o PSDB tem receios de que Chávez irá “desagregar” o Mercosul com suas “atitudes polêmicas, populistas e não democráticas”.

Tasso Jereissati manteve a rejeição ao ingresso em seu relatório e defendeu proposta do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) para que uma comissão parlamentar fosse a Caracas checar as denúncias de violação dos direitos humanos no país. Isso seria feito antes da votação do protocolo de adesão. A proposta foi igualmente rejeitada pela maioria governista presente à sessão da CRE.

O tucano afirmou ter ficado surpreendido com o depoimento do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, sobre o que está ocorrendo no país. Segundo o senador, a descrição do prefeito é muito pior em relação à falta de democracia e ao abuso aos direitos humanos. Foi no depoimento de Ledezma que Tasso soube da invasão de forças chavistas à sede da comunidade judaica em Caracas. Na avaliação do parlamentar, se metade do que foi informado pelo prefeito for verdade, o ingresso da Venezuela representará “uma violação clara de toda tradição da política externa brasileira”. (Da redação com Agência Tucana/Foto: Ag. Senado)